domingo, 29 de abril de 2012

Saudade - Clarice Linspector

Saudades
Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades...
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei... Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...
Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro... Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser... Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei! De quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito! Daqueles que não tiveram como me dizer adeus; de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre! Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter!
Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram. Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências...
Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!
Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar, Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que... Não sei onde... Para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi... Eu acredito que um simples "I miss you" ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua, nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha. Talvez não exprima corretamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas. E é por isso que eu tenho mais saudades... Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos. Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis! De que amamos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Tanto amor ...

Tanto amor que não cabe em mim.
Tanto carinho que não sei como descrever.
Tanto tempo, tantos anos e tantos sorrisos.
Somos a família mais linda do mundo.
Eu ainda não entendo.
Eu não consigo entrar no quarto dele e não desabar.
Não consigo olhar as coisinhas dele e não me desesperar.
Eu sinto tanta falta de alguém que outro dia estava aqui.
Eu achava que era uma chateação, só uma pequena insatisfação.
Mas não era.. ele estava doente.
E ninguém sabia, ninguém cuidou dele.
Buscamos por 3 dias, um carro, um celular, uma pista.
Era tão agoniante não saber se ele estava bem, se ele estava só, se ele estava sofrendo.
Ele deve ser sofrido tanto antes de decidir fazer isso.
Eu tinha tanto medo. Ele deve ter tido medo.
Quando achamos o carro, foi um esperança e ao mesmo tempo um desespero.
Ele podia estar por ali, mas como?
Achamos o carro e achamos o meu irmão, sem vida.
Logo ele, cheio de vida! Tão alegre! Tão de bem com a vida! Tão bom! Tão do bem!
Nunca falariam algo diferente dele. Ele sempre foi o mais amado.
E eu o amo tanto tanto tanto que não cabe aqui dentro!
Foi a noite mais dolorosa da minha vida. Tentar entender, tentar questionar, tentar procurar explicações.
E se a gente tivesse chegado antes?
Mas eu entendi. Ele estava doente. Ele não conseguiu sozinho. Ele estava em depressão e mascarava. Ele não tinha remédio, acompanhamento e nem conseguia ver que havia uma luz, uma solução.
Eu não o julgo. A doença o venceu. E não culpo ninguém. A doença foi mais forte.
Ele não precisava ter feito isso! Por que uma doença venceu meu irmãozinho tão lindo e querido?

E o dia seguinte foi ainda mais difícil, dormir a base de remédio, acordar sem ele, receber muitos abraços de dor compartilhada e enterrar o meu imão.
Muitas pessoas queridas, muita família e muitos amigos. E todos ali, que o amavam muito. E pessoas que ele também amava muito. Lindas homenagens.
Cada rosto de amigo dele, eu abraçava e me lembrava dele mais novo, e de uma época, e de uma situação ou de uma com com ele.
Abracei meu irmão mais novo e nos despedimos ali.

"couldn't leave you to go to haven
I carry you in my smiles
for the first time my true reflection I see
happy everafter in your eyes

every star in the night
promises the dawn
I will be there if you fall
to ever so heavily rest upon"


Ele queria ser pai.

















sexta-feira, 20 de abril de 2012

Baobá

Baobá.


Dizem que o Baobá vive de três a seis mil anos. Essa árvore é nativa da África e da Austrália.
É a árvore nacional de Madagascar e o emblema nacional do Senegal.
Na Austrália, colocaram prisioneiros dentro de seu tronco, de tão grande e extenso que é!
Os aborígenes comem a sua fruta e usam as folhas como planta medicinal.




Existem apenas 20 árvores dessas no Brasil.
É um dos personagens do Pequeno Príncipe.
A floração do Baobá dura só um dia.
 Conhecido nos meios científicos com o nome de Adansônia Digitata, o baobá, quando adulto, é considerada a árvore que tem o tronco mais grosso do mundo, chegando em alguns casos, a medir 20 metros de diâmetro. São árvores seculares, testemunhas vivas da história, é uma das árvores mais antigas da terra.




O cronista Gomes Eanes de Zurara assim descreveu a árvore: Árvores muito grandes e de aparência estranha; entre elas, algumas tinham desenvolvido um cinturão de 108 palmos a seu pé (ao redor 25 metros). O tronco de um baobá não mais alto do que o tronco de uma árvore de noz; rende uma fibra forte usada para cordas e pano; queima da mesma maneira como linho. Tem um grande fruta lenhosa como abóbora cujas sementes são do tamanho de avelãs; pessoas locais comem a fruta quando verde, secam as sementes e armazenam uma grande quantidade delas.





Na história O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry, o menino narra que o solo de seu pequeno asteróide era infestado de sementes de baobá. Preocupado com os possíveis danos que estas plantas pudessem causar quando adultas, após completar a sua toilete matinal, dedicava-se à toilete do asteróide, arrancando regularmente os seus pequenos brotos.

Em Angola e Moçambique, esta árvore é conhecida por embondeiro, ou imbondeiro. Em certas regiões de Moçambique, o tronco desta árvore é escavado por carpinteiros especializados para servir como cisterna comunitária.



No Brasil existem poucas árvores de Baobá, que foram trazidas pelos sacerdotes africanos e foram plantadas em locais específicos para o culto das religiões africanas.
Essas árvores concentram-se principalmente no estado de Pernambuco , e eu conheci uma hoje próximo a Porto De Galinhas, em Ipojuca, um Baobá com mais de 350 anos e 15 metros de circunferência. 




segunda-feira, 16 de abril de 2012

Cultura Inútil

Hoje eu vi uma lagartixa sem rabo e mostrei pro meu namorado:
"Coitadinha, ela perdeu a cauda em algum momento de estresse".
E ele ficou assustado! Não sabia do que eu estava falando e nem como isso era possível!
Eu expliquei que se ela se sente acuada, solta o rabo, para distrair a atenção do predador. Os lagartos também! (Isso eu não sabia).
Este ato é indolor e cada vez a cauda cresce menor do que a original, a não ser que por algum motivo, cortem a cauda do animal, aí ela se regenera por completo.

Interessante!
http://noticias.terra.com.br/educacao/vocesabia/interna/0,,OI2887728-EI8410,00.html

Fonte da imagem:  Ilustração: Agapito
http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/lagartixas-perdem-rabo-como-isso-ocorre-502812.shtml




sexta-feira, 13 de abril de 2012

Porto de Galinhas - PE

Quando a GOL fez promoção de passagens por 4 mil milhas qualquer trecho doméstico eu decidi que deveria comprar, mesmo sem saber pra onde, eu só sabia que PRECISAVA comprar!!
Já tinha ido ao Rio algumas vezes neste ano, então resolvi mudar o destino e comprei pro Nordeste: Recife-PE!
Comprei para mim e para o meu príncipe! Mesmo sem ele saber! =p
Após pedir várias dicas e idéias do que fazer, acabei descobrindo uma pessoa muito querida da família do meu namorado que tem intimidade com Pernambuco! E ela não apenas sugeriu que fossemos a Porto de Galinhas, como também que ficássemos na casa de veraneio dela. Mais perfeito, impossível! Dormir e acordar com o barulho do mar é um privilégio! Fora ter a praia inteira só pra nós dois!

Geralmente indicam que se pegue um táxi do aeroporto de Recife até Porto de Galinhas, custa em torno de R$ 100,00 o trecho, mas dependendo da pousada ou hotel que as pessoas ficam, existe um transporte próprio (transfers) e algumas vezes gratuito.

Acontece que nas informações turísticas dentro do aeroporto de Recife, nos sugeriram pegar um ônibus por R$ 10,40 na saída A4.  Uma ótima opção para quem tem tempo e prefere economizar. Tendo em mente que "O barato as vezes sai caro"... Este ônibus ficou parado no trânsito, depois entrou em umas 2 cidades no caminho e isso nos fez levar quase 2 horas para percorrer os 60 km que existem entre Recife e Porto de Galinhas.


195* Recife/Porto de Galinhas 05 Ônibus (Executivo) Ar-condicionado
Sentido Recife/Porto de Galinhas: 05:10, 05:40, 06:30, 07:30, 08:30, 09:30, 10:30, 11:30, 12:30, 13:30, 14:30, 15:30, 16:30, 19:30, 20:30.

A gente não precisa pagar antecipado, pode pagar na hora, e a viagem pode durar de 1h a 2 horas. O ônibus é executivo e tem bagageiro. O ônibus para próximo ao Posto, no Centro da Vila, de lá pode-se ir andando para cidade inteira.

Estamos num condomínio residencial na praia de Muro Alto, só tinha a gente na praia nessa quarta e quinta! Perfeito! Paraíso! Areia branquinha, água quente nas piscinas naturais, ar de praia nativa, brisa deliciosa, coqueiros de ponta a ponta na extensa praia e uma paz encontrada em poucos lugares! Super recomendo!



A cidade é um charme! Cheia de artesanato e opções para se comer bem!
Tem passeios de jangada para as piscinas naturais por R$ 15,00, onde você faz snorkeling e vê vários peixes e também mergulho com cilindro por cerca de R$ 160,00 o casal. 


http://www.visiteportodegalinhas.com/

http://www2.uol.com.br/portodegalinhas/

http://www.guiadepraias.com.br/destino.php?id=44

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Agora com 4 dentes a menos na boca

Há alguns anos atrás, o dentista disse que eu tinha que extrair 4 dentes sisos (terceiros molares) e eu sai de lá fingindo que não ouvi. Dizem que são os dentes do juízo, isso porque eles nascem quando você tem por volta de 18 anos e é quando começa a ter juízo. Eu discordo!
Acontece que recentemente estes mesmos dentes inclusos começaram a inflamar, doer e me irritar. Voltei ao dentista e o diagnóstico foi fatal e bem objetivo: "Vamos extrair os 4, que dia você pode? "
Ele ainda mencionou que os 4 estão inclusos e que o direito inferior esta mais complicado. Bom saber.




Eu não sabia, mas a dor de garganta que eu andava tendo com frequência não era garganta inflamada, e sim os dentes inflamados causando essa sensação de garganta arranhando.

Sem ter por onde correr, marquei a cirurgia e pedi pra alguém me levar, já que eu não poderia dirigir após o procedimento.
O dentista já tinha feito umas 20 operações daquelas no dia e eu era só mais uma do final da Sexta-Feira. Perguntou se tinha me explicado como seria e disse que eu não ia sentir nada.
Colocou um pano no meu rosto e deixou apenas a abertura da boca para ele trabalhar.
Limpou a minha boca e também tudo em volta e começou a explorar.
Perguntei se ele poderia me dar um remédio para dormir para que eu acordasse só depois de tudo acabar, mas ele disse que ele precisava de mim e que eu deveria auxiliá-lo obedecendo ao fazer os movimentos que ele exigisse.
Pano na cara e vamos lá!

Ele começa pela anestesia, claro! Uns furinhos chatos em cada terceiro molar, por volta de 3, parece que ele esta enroscando um parafuso na sua gengiva, incomoda um pouco, mas não dói muito, é tolerável. Acredite que tolerável na minha concepção é uma palavra que tem um significado tipo : "de boa!"
Por muito pouco eu digo que algo é intolerável.
Enfim... Minutos depois todos os dentes estão anestesiados! E o bom é saber que depois da terceira agulhada não tem mais e segundos depois você nem esta sentindo aquela área mesmo...
O dentista pergunta se esta tudo bem e toca o meu rosto na bochecha toda e dentro da boca questionando se eu estou sentindo algo. E como já não estou sentindo no primeiro dente que ele anestesiou, o superior direito,  podemos começar!



Ele faz pressão, barulhos, coloca várias coisas lá no dente... mexe, mexe, aperta, corta, fura, puxa, empurra e diz que vai retirar, pede licença para apertar bastante minha testa e crec! Sim, CREC!!
Eu senti o dente se separando de mim! Mas sem nenhuma dor! Ufa!
Depois ele ficou fazendo os pontos  por uns minutos e: próximo!

Foi igual no superior esquerdo. Só que eu não senti o CREC tão nítido, então quando ele passou pro inferior esquerdo eu levantei e perguntei "BAS E EFFE BENHE ATI?", traduzindo: "Mas e esse dente aqui? " Apontando pro dente e me movendo.. ele levou um susto e me segurou de volta na maca, me empurrou gentilemnte e me alertou pra não me mover porque haviam vários objetos cortantes e instrumentos da cirurgia no meu tórax (a mesa de trabalho dele) e que já tinha retirado, eu que nem senti e tal.  Ok, Melhor assim!

O dentista falou o tempo todo comigo, perguntando se estava tudo bem e se eu poderia me mover pra cima, pra baixo, pro lado, abrir mais a boca, fechar um pouco a boca, etc. Comigo e com a assitente dele que estava insatisfeita no relacionamento com o namorado.
Passamos para os inferiores, muito mais complicados, demorados e incovenientes. É desagradável porque o sangue fica saindo do buraco, aquele cheiro horrível de carne queimada te pertuba, aquele barulho insuportável de maquininha de dentista te corta, tudo isso dentro da sua boca e você sem conseguir respirar direito porque o sangue esta escorrendo para dentro de você "guela" abaixo mesmo com aquele sugador também dentro da sua garganta, e o doutor pede para você se concentrar e respirar pelo nariz. Complicado! Essa é a pior parte, engolir sangue e se engasgar com ele. Fora isso, sem dor, o dente sai numa boa .

O último dente (inferior direito) era o mais complicado, mais saiu mais rápido do que o anterior. Mesmo drama com o sangue, mas por menos tempo.



Eu sai da sala já com tudo inchado!
Não conseguia falar direito, mas não sentia nenhuma dor.
*Sugiro passar protetor labial, tipo cacau antes e logo após a cirurgia ou hidratante. Isso evita que você corte o canto da boca com os movimentos bruscos da cirurgia. Detalhe, voce não sente NADA, mas a boca esta machucada. Proteger os lábios e ao redor dele é legal. Mesmo sabendo que o dentista vai retirar tudo quando começar a higienizar a área da cirurgia.

E sai MUITO sangue nas primeiras horas, fiz a cirurgia as 18h, exatamente pra poder dormir logo após e reduzir esse tempo de agunia e horas sangrando. Sai da sala de cirugia mordendo gases dobradas entre os últimos dentes, uma em cada lado. O doutor disse que o que auxilia a parar logo de sangrar é a pressão que eu fizer apertando a gase, mordendo, para pressionar o local da cirurgia.

A cada meia hora eu trocava a gase completamente ensopada de sangue. E nesses intervalos,  bebia agua gelada.
SEMPRE com gelo nas bochechas, com uma bolsa térmica congelada de cada lado do rosto.

Na manhã seguinte, já não sangrava tanto, mesmo tendo uma poça gigante de sangue no meu travesseiro, porque escorreu da minha boca a noite e eu não conseguia fechar a boca de tão inchada. Fiquei parecendo o kiko.


EU tomei antibiótico e antiinflamatório, 1 hora antes da cirurgia e por 1 semana. Não vou passar os nomes porque eu não sou médica para receitar.

Também tomei e remédios para dor, um leve por 2 dias, e um em caso de dor forte, quando precisasse. Esse era maravilhoso! Tipo tomar e sorrir! E o enxaguante bucal para higienizar a boca também é parte  importante no processo de recuperação.

Não senti dor na recuperação, tomei os remédios todos. Mas o incômodo e desespero de fome, vontade de coisa salgada e de mastigar direito é irritante!! Você não abre a boca, não fala, não come!

Tomei bastante sorvete, açaí, yogurte nos primeiros 3 dias, então comecei a comer papinha de bebê e sopas.

A higienização também é bem complicada. É melhor não comer nada sólido, para não entrar nos buracos da cirurgia. É difícil demais limpar!! Você faz o bochecho, mas mesmo assim não sai tudo. Fora que não pode cuspir. Para não acabar estourando os pontos e se machundo. Acho que escovar os dentes só é possível no 4o ou 5o dia.


Sei que de uma semana depois eu já tava comendo, mas com os pontos incomodando ainda, furando minha lingua e minha bochecha.

Quando retirei os pontos, 10 dias após a cirurgia só tinha uma observação preocupante, meu lado direito da boca, lábio e queixo estavam com parestesia. Eu ainda não os sentia, ou sentia pouco. A cada dia foi voltando mais esse movimento, formigando aos poucos, até que agora: 30 dias após a cirurgia a sensibilidade  voltou quase 90%. Minha preocupação se foi, estou com 4 dentes a menos, mas já passei pelo pior e nunca mais vou ter que repetir isso!

Acho que extrair os 4 de uma vez é melhor do que "picado".

Casa

Já morei em tantas casas, que nem me lembro quantas! Não me lembro todos os endereços, em que ano foi ou quem morava por perto.
Tenho um grande amigo que também já se mudou bastante, e eu conheci parte das casas em que ele morou, lembro bem de algumas e falhei em visitá-lo em outras, dependia da fase da minha vida, se estava mais enrolada ou não. O fato a citar é que ele se lembra de cada endereço e usa isso como senhas! Os endereços residenciais da capital tem uma peculiaridade, são completamente distintos do modelo usado no resto do Brasil, não existe nome de rua em Brasília. Um endereço super comum aqui seria: SQS 305 Bloco J apt 722. A senha poderia ser algo tipo: 305J722.
 Usei um apartamento fictício, tendo em vista que não existe sétimo andar em nenhum prédio de super quadras da Asa Sul - até porque eu  não posso expor nenhum morador.
  Como eu nasci por aqui sei que este endereço é referente a uma quadra deste bairro. Posso dizer que com um endereço na mão, chego a qualquer casa de BSB sem GPS. Pode ser que eu precise de ajuda na rua, mas só pra auxiliar com uma referência. Eu sempre gostei de mapas, endereços, caminhos e acessos. Acho que eu seria uma boa navegadora de raly.
Eu amava morar no Guará quando tinha uns 12 anos e brincava na rua de Vôlei, queimada, amarelinha, pular elástico, etc. No dia em que eu me mudei pra lá, eu fui atropelada por uma menina de bicicleta, que quebrou a perna, e se tornou minha amiga tempos depois.
Algumas casas foram mais marcantes que outras.
Desde pequena, sempre gostei de viajar e explorar outros lugares. E voltar pra casa era muito mais chato do que ir passear. Voltar pra rotina, pra escola, etc. Mas quando criança, eu não podia escolher muito.
Assim que comecei a ganhar dinheiro, posso dizer que investia todo ou grande parte dele em viagens. Mesmo que fosse pra Caldas Novas com meus primos!
Sou uma pessoa simples, tanto que não me atrai loucamente comprar jóias, sapatos caros, bolsas, relógios ou roupas de marcas famosas. Tudo isso é supérfluo ao meu ver. Prefiro um passeio na chapada, numa praia, num parque, num país diferente, um show, um espetáculo de teatro, um dia numa ilha ou conhecer um lugar novo.
Gosto mais de viajar do que de voltar, já notei, curto mais sair do que ficar e ao ler um texto lindo num blog da Cris Guerra, me entendi um pouco mais, ela escreve para o filho que ela acaba de ter, se referindo ao pai dele que falecera meses antes do nascimento do bebê:
“Seu pai amava viajar. Eu também gosto, mas não sou assim tão solta. Sempre me culpei por isso. Mas agora entendi que ser assim tem o seu lado bom. … Com o tempo, aprendi a cultivar meus espaços. Aos 27, fui morar sozinha, e fazer minha casa teve uma importância muito grande. É maravilhoso olhar para seu apartamento, mesmo que ele não seja próprio, e sentir que ele é uma extensão de você. Que à sua volta estão as suas escolhas, as coisas que você ama, um pouco da sua alma. E isso com o tempo melhora, porque você passa a se conhecer mais. Para mim, uma casa aconchegante fala do quanto me sinto confortável em mim mesma. Adoro viajar, filho. Mas também adoro ficar. Não sei como, mas quero poder ensinar essa sensação pra você. Quero muito que você seja feliz por ser você. Viajar é maravilhoso. Mas é fundamental gostar de voltar para casa.”

http://parafrancisco.blogspot.com.br/




Ao ler o texto, hoje com 28 anos, sinto que eu ainda quero muito viajar e quero também ter uma casa para voltar, mas para minha casa, não para casa dos pais, ou da família ou de outra pessoa. Estou sentindo necessidade de ter a minha casa, o meu espaço, a minha geladeira, a minha cara na sala e nos livros e CDs da estante, nos panos de prato da cozinha e na louça no escorredor. Assim, acabo vendo outras pessoas adquirindo esta benção e me sinto pressionada a ter o mesmo. Pressionada por mim mesma, porque se dependesse da minha mãe e da minha avó, moraria com elas pra sempre, mesmo se me casasse, tivesse filhos e netos.
Existe uma questão social de poderes também, e isso me incomoda. Quero o MEU. Mesmo que não seja um apartamento comprado, poderia ser alugado! E também não pode ser uma casa, eu nunca morei num apartamento e hoje sonho com UM, pequeno que seja, pode ser minúsculo, estarei feliz se ele for o meu espaço!  Achei este vídeo inspirador e fantástico! Um AP super pequeno, bem planejado e prático! Acho que conforto é fundamental, qualidade de vida e funcionalidade! Parece ter tudo aqui:
          http://youtu.be/nVY_crMSigk

Por enquanto, nenhum lugar vai ter gosto de lar se eu não determinar que é o meu lar. Estou em busca disso!